O cantar do galo na cidade (1)

Ouvir um galo às duas da manhã, num apartamento na cidade não devia ser normal… Afinal é o vizinho que traz galos da terra e até os matar cria-os na banheira…

(sim, colocam-se uma série de questões cuja resposta desconheço – será que o senhor toma banho com o galo? e a sujeira que o bicho faz? será que aproveita e o mata na banheira?)

A vizinha foi a Paris

Passar quatro dias, mas o destino era “a Eurodisney que Paris não tinha nada para ver. Ainda por cima eram uma cambada de parvos, estúpidos, tinham a mania da cultura, liam jornais, revistas e livros logo pela manhã. ”

Isto ouvido assim de seguida… tudo juntinho..

Uma ida à SS

Nada como perder uma manhã, por um assunto que teria ficado despachado 5 minutos ao telefone, na Segurança Social. Entre a habitual molhada de criancinhas (interessante como na SS o número de crianças por adulto aumenta exponencialmente em relação a outros pontos do país – será que a proximidade à SS aumenta a taxa de natalidade?) e de tontos habituais (onde estou, para onde quero ir, não sei, só quero um par de meias) nada como pôr uma perna em cima do balcão para descansar um pé engessado. Pelo meio ainda se ouve o aviso na loja do cidadão – “Não há imposto de circulação !” Boa! Pena que não seja para o país inteiro.

Upsy-daisy

Local público e de fina frequência. Clico no botão do elevador. A porta abre-se e deixo entrar a senhora bem vestida e de boa aparência que de lá sai. Quando passa por nós, levanta a perna até aos píncaros máximos que lhe permite a saia. Continua a andar como se nada fosse. Olho para quem me acompanha naquela de perceber “Também viste?”. Bastou a expressão. Também.

Os doutores

Um artigo do Público de hoje recordou-me um estranho episódio que se passou comigo numa dependência bancária. Estando a pensar adquirir casa, andei de banco em banco, em busca das melhores condições. Tinha terminado o curso há poucos anos, e na minha profissão não eram necessários fatos, nem fatiotas. Fui vestida normalmente – calças de tecido, camisa, ténis.

Depois de ser olhada de alto a baixo, por quem me atendeu, várias vezes, e em tom depreciativo, lá me começaram a fazer a simulação, sempre como se de especial favor se tratasse. Já no final perguntam-me se era cliente ou se tinha ficha com eles. Não me recordava, pelo que lhe dei os dados básicos para fazerem a pesquisa.

O que foi surpreendente foi a resposta que recebi. “Ah! Mas está aqui ficha feita na faculdade! Há 5 anos! Então já terminou o curso! Peço imensa desculpa, devia estar a tratá-la por doutora!”. Agora já em tom de desculpa, quase com vénia, levantado e com ar de pânico. Resultado. A diferença de tratamento deu-me uma volta ao estômago, fugi e nunca mais voltei a entrar.

Consultas – 1 de muitos

Porque os episódios estranhos não me acontecem apenas em autocarros e na zona comum dos prédios, eis um episódio que ocorreu num consultório médico. Como muitas adolescentes, tive alguns problemas de peso que, a dada altura, se pensou relacionados com algum distúrbio da tiróide (felizmente, não). Assim sendo, lá fui eu, com os meus pais, à consulta de um dos maiores especialistas do país.

Dezoito contos depois (que é como quem diz, quinze minutos dos quais dez foram passados ao telefone com outra pessoa, à nossa frente), com uma apalpadela rápida no pescoço e uma pesagem meio aldrabada, chega a bela da conclusão “Culpe Deus, que faz uns gordos e outros magros”. À qual se seguiu uma fórmula a aplicar à adolescente de quinze anos: “Dois dias por semana, coma apenas duas ou três maçãs o dia todo”.

Cá fora, encontrámos alguma resistência em nos passarem uma factura da consulta, tendo ficado um pensamento muito simples. Mais valia termos ido passear com os dezoito contos.

O gato do vizinho

Não, não tinha nenhum vizinho jeitoso. Aqui há uns anos, ainda morava com os meus pais, a minha mãe tinha o hábito de abrir a porta de casa assim que o meu pai tocava na entrada do prédio.

Estava eu no hall, ao telefone, quando, pela porta entreaberta vejo entrar um gato. E atrás do gato, o vizinho que, olha para mim, diz “boa tarde” entra porta adentro e percorre todas as divisões da casa atrás do bichano. Assim. Sem mais nem menos.

A caminho de casa, a meio da Avenida Lusíadas, parada no trânsito.

À esquerda um cão ladra na janela de um carro. Em resposta, noutro carro, um taxista, sempre a olhar para o cão, também. Literalmente.